Líder multiplicador como fortalecedor da cultura de aprendizagem

cultura de aprendizagem

Cada dia mais, as empresas estão vivendo um turbilhão de emoções, ações e mudanças. Todo dia é algo novo: um novo sistema, um novo comportamento, uma trend nas paradas. A grande questão é: como estar preparado para todas essas mudanças frequentes e, muitas vezes, complexas e desconhecidas?

Uma das respostas para isso é ter consciência da importância das organizações terem um ambiente de aprendizagem. Diante de todas essas frequentes mudanças, é preciso saber reconhecê-las e, principalmente, preparar as pessoas para o que é novo, diferente e desconhecido.

Mas, para isso, em contrapartida, é preciso que a empresa assuma esse processo de aprendizagem em sua cultura, ou seja, tenha isso na sua raiz, na sua essência.

E aí, entramos em uma outra questão tão importante quanto: será que a cultura da empresa é de aprendizagem? Será que a organização tem como estratégia de negócio reconhecer o que é importante e necessário desenvolver nas pessoas no que diz respeito à competência comportamental, técnica, de negócios, etc.?

Segundo o autor Boog (2008), quando falamos em aprendizagem corporativa, estamos falando em disseminar o conhecimento, o que se sabe, para toda a companhia, ou seja, em larga escala, por meio de um método de formação que atinja todos os colaboradores da companhia e não somente alguns “afortunados”.

E mais: o ideal é expandir essa cultura de aprendizagem a todas as partes interessadas (stakeholders): colaboradores, fornecedores, clientes, parceiros, sociedade e por aí vai. Sem restrição!

Cultura de aprendizagem na empresa

Quando se implementa na empresa uma cultura de aprendizagem e entende-se isso como algo importante e necessário para a condução do negócio, nasce também uma figura fundamental para a consolidação dessa cultura: o multiplicador.

Cabe a esse multiplicador ‘espalhar’ o seu conhecimento, reconhecer as experiências dos demais colaboradores e favorecer a colaboração entre todos os que estão envolvidos no processo. E isso, muitas vezes, vem de um líder. Daí o nome: líder multiplicador.

Dentre as várias facetas e responsabilidades de um líder, arrisco-me a dizer que a de multiplicar seja uma das mais importantes em sua carreira. Isso porque cabe a esse líder multiplicador transferir aos seus liderados algum tipo de aprendizado e, o mais importante, fazer com que o clima dentro da área ou departamento seja estimulante ao desenvolvimento contínuo.

Enquanto líder, cabe a esse profissional absorver o que há de novo, tomar conhecimento das mudanças e suas práticas e, depois disso, disseminar a todos que atuam conjuntamente com ele. Querendo ou não, o líder multiplicador é um agente de transformação, é a pessoa que contribui, e muito, para a educação contínua, o tão falado life long learning.

Quais são as principais competências de um Líder Multiplicador?

Podemos citar, além dessas listadas a seguir, várias outras competências essenciais de líder, mas a intenção aqui é enfatizar apenas aquelas que são aderentes e importantes para um multiplicador.

Vejamos!

Além dessas competências, cabe ao Líder Multiplicador fazer uso de métodos e recursos didáticos que tornem o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, interativo e condizente com a realidade. Esse cuidado se faz necessário porque estamos lidando com um público adulto, o que torna necessário aplicar a ciência de orientação de adultos, a andragogia.

Esse público se atrai mais para aquilo que tem sentido prático para a sua vida, ou seja, um conhecimento que será agregador na sua rotina, seja no trabalho ou em casa.

Outro ponto importante de um líder multiplicador diz respeito à capacidade de se comunicar. Muito mais do que apenas falar, explicitar um tema, comunicar refere-se também à capacidade de ouvir, interessar-se por aquilo que o aprendiz tem a dizer sobre suas práticas e experiências.

Quando o multiplicador compreende e aceita a percepção do outro, ele está fazendo uso da sua empatia, o que está atrelado, certamente, à inteligência emocional. O não ser dono da verdade.

Contra fatos, não há argumentos. Essa expressão é a mais pura verdade, ainda mais quando estamos nos referindo à didática. Ser persuasivo, como vimos, é uma competência importante do multiplicador, pois se trata da sua habilidade em estimular o aprendizado por meio de argumentos, situações e provas.

Por fim, para concluir essa questão de competências de um líder multiplicador, não podemos deixar de citar a importância da educação contínua, ou seja, a autogestão que esse educador faz em relação a sua própria formação. O quanto ele está disposto a aprender para ensinar?

Logicamente, não podemos restringir apenas a essas competências. Com as mudanças frequentes, que temos citado desde o início deste texto, muito possivelmente outras competências serão acrescidas nesse currículo.

Como aprender para ensinar?

A habilidade de aprender para ensinar, ou também chamada educação continuada, é tão importante que não poderia deixar de destinar um tópico à parte para isso. O líder, por si só, já é visto como aquele que está à frente, portanto, entende-se que ele é aquele que sempre está em busca do conhecimento, tem maior interesse em aprender para ensinar.

Diante disso, parar tornar verdade essa missão, é preciso:

  1. Adquirir conhecimento para que tenha segurança em disseminar esse saber;
  2. Identificar possíveis questões emocionais que possam vir a comprometer sua postura durante o processo de ensino-aprendizagem;
  3. Respeitar possíveis problemas ou dificuldades de comunicação ou, então, com recursos tecnológicos.
  4. Adaptar o estilo de aprendizagem de acordo com o perfil do público.

Sabe aquela máxima que diz: ‘só vende quem conhece o produto’? Então, trazendo essa frase para o contexto, podemos dizer que ‘só ensina quem sabe’. Portanto, ter pleno conhecimento sobre o assunto ou tema é fundamental para que se tenha segurança ao transmitir essa informação.

A dica é: leia, estude, pesquise, procure o conhecimento na fonte.

Alguns possíveis gatilhos emocionais podem ser mitigados quando se tem segurança no que diz; mas, mesmo assim, é possível que o medo, a ansiedade, a fadiga e outras emoções tomem conta do seu corpo durante esse processo de ensino-aprendizagem.

A dica é: tente identificar quais possíveis questões emocionais podem comprometer a sua postura. Reconhecê-las é uma forma de mitigá-las.

Outra questão importante a ser enfatizada aqui refere-se a problemas ou dificuldades de comunicação ou, até mesmo, com recursos tecnológicos.

Quantas vezes você já se viu em uma situação de dizer “A” e o outro entender “B”? Pois é. Nem sempre o que é lógico para você, é lógico para o outro.

A dica é: depois de uma explicação, crie o hábito de pedir ao outro que descreva o que entendeu. Ao ouvi-lo, você terá a chance de confirmar se a mensagem/conhecimento foi compreendido da forma como você orientou.

Ah, e quanto às dificuldades em relação aos recursos tecnológicos, aqui vale você pesquisar e se interessar por esse novo conhecimento. Compreender sobre salas virtuais de ensino, compartilhamento de tela, vídeos e etc.; testar o uso do microfone, fone de ouvido, entre outros recursos, se faz necessário para que a sua aula ou encontro seja efetivo. #ficaadica

E, para fechar esse ciclo de conhecimento, não poderia deixar de falar sobre adaptação linguística. Cabe não só ao multiplicador, mas também ao líder, adaptar o seu estilo de aprendizagem de acordo com o perfil do treinando.

Lembre-se que nem sempre ser apenas expositivo é o meio mais adequado para transmitir um conteúdo; muitas vezes, para a plena compreensão do treinando, talvez seja necessário fazer uso de recursos complementares como, por exemplo, vídeos, desenhos, cartilhas, estudos de caso e etc.

A dica é: os perfis de treinandos são bem variados. Tem aqueles que são mais visuais, cinestésicos, auditivos, leitores e por aí vai. Diante dessa variedade de estilos, é sempre importante mesclar os recursos e fazer uso daqueles que são mais aderentes às características do treinando.

Elementos educacionais

E já que citamos há pouco os recursos de aprendizagem, vamos focar neste tópico um pouco mais sobre eles.

Também conhecidos como recursos, elementos ou objetos de aprendizagem, a ideia é fazer uso deles para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico e condizente com o perfil do público e o tema a ser tratado.

Em aulas expositivas, por exemplo, você pode ter como complemento apresentações em PowerPoint, vídeos, fotos, músicas e atividades para tornar sua aula um pouco mais expositiva e mais interativa.

Já em workshops, que como o próprio nome indica, requer mais prática, mais ação. Você pode trazer para o contexto atividades práticas, experimentação e degustação, o que é super bem-vindo!

Os jogos são outro recurso muito bem-quistos pelo público aprendiz. Isso porque de forma lúdica e bem dinâmica é possível aprender sem precisar de muito esforço, se é que você me entende!

Do mais, seja como queira chamar o seu encontro, o importante é ser menos teórico e mais prático, mais vivencial. Lembre-se que estamos falando de um público adulto e que, por mais que ele não tenha conhecimento, ele tem vivência, experiência, e isso não pode ser menosprezado durante um processo de ensino-aprendizagem, combinado?